Marília: Fundação Casa recebe seu primeiro adolescente infrator
A unidade de Semiliberdade da Fundação Casa, instalada na rua Álvares Cabral, no Centro da cidade, iniciou ontem os trabalhos de acolhimento ao seu primeiro menor infrator. O menino, que não teve a idade ou ato infracional que cometeu divulgados, veio da região de Dracena (200 quilômetros de Marília) e deve cumprir medidas socioeducativas assistidas por tempo indeterminado.
De acordo com a assessoria de imprensa da Fundação Casa, o menor chegou no final da tarde mediante determinação judicial e já passou por entrevistas iniciais com equipe multiprofissional composta por psicóloga e assistente social.
“Trata-se do primeiro adolescente acolhido pela equipe da unidade semiliberdade de Marília. Assim que chegou, ele passou por entrevista com profissionais de psicologia e assistência social, momento em que foi informado das regras da unidade. Este é um procedimento padrão que será adotado aos demais que chegarem”, afirmou a assessoria do órgão.
Ainda conforme nota de imprensa, garoto vai passar este final de semana dentro da unidade realizando atividades monitoradas; entre suas primeiras instruções estão noções de ética, cidadania, valores, reforço escolar e aulas de cultura. “O jovem permanece neste final de semana dentro da unidade, mas nos próximos estará livre para ficar ao lado da família”.
A unidade, que tem capacidade de acolhimento de 20 adolescentes, pode receber nos próximos dias a chegada de mais infratores. “Toda a estrutura está pronta para atender a 20 adolescentes. Mediante determinações judiciais eles serão levados a unidade de Marília”, concluiu.
Além de psicólogo e assistente social, equipe da unidade de semiliberdade é composta por educador físico, professor pedagogo, agentes de segurança e administrativos.
A estrutura tem foco principal na recuperação de menores que cometeram infrações consideradas leves, em que é possível a proximidade com a sociedade e freqüentar as aulas em escolas da rede municipal ou estadual.
Unidade ainda é alvo de protestos
A instalação da Fundação Casa, no Centro, ocorreu sob muitas discussões divergentes e polêmicas. Moradores e comerciantes da região ainda se manifestam contra as atividades da entidade. O maior temor são os possíveis problemas que esses menores podem causar em suas residências e comércio.
Um abaixo assinado com mais de mil assinaturas ainda circula na região. Eles alegam que ninguém do bairro foi ouvido com relação à opinião do aceite ou não por parte dos comerciantes.
Já a prefeitura, através de uma nota, alegou que “não existe nenhum impedimento legal de a unidade ser instalada onde está”. Segundo declarou o promotor público da Infância e Juventude de Marília, Jurandir Afonso Ferreira, em entrevista recente ao Correio Mariliense, atendimento aos jovens não deve gerar risco de segurança à vizinhança do centro.
“Ninguém gosta de uma instalação com infratores próxima de sua casa, mas é necessário que haja uma compreensão por parte de todos, já que ela precisa ser instalada em algum lugar. Haverá uma grande equipe para assistir e acompanhar estes menores infratores e não vejo nenhum risco para os vizinhos e nem para ninguém”.